Envelhecimento da população traz desafios e oportunidades para cuidadores de idosos
Demanda crescente aumenta exigência por qualificação dos profissionais e por serviços de apoio aos familiares, como gerência domiciliar.
As famílias cada vez menores, o envelhecimento da população, a prevalência de doenças crônicas e em alguns casos irreversíveis e até mesmo os efeitos da pandemia de Covid-19 refletiram no crescimento do mercado de trabalho para os cuidadores de idosos e também criaram novos desafios para as empresas em termos de qualificação desses profissionais.
O mais recente levantamento do IBGE, com base em dados de 1º de julho de 2021, mostra que a população brasileira chegou aos 213,3 milhões, com uma tendência de desaceleração do crescimento, ou seja, com menos nascimentos, e um quadro persistente de envelhecimento dos brasileiros.
Já em 2020, o IBGE havia divulgado dados sobre o número de familiares que se dedicavam a cuidados de indivíduos de 60 anos ou mais, que havia saltado de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019. Monitorar ou fazer companhia dentro do domicílio (83,4%), auxiliar nos cuidados pessoais (74,1%) e transportar ou acompanhar para médico, exames, parque, praça, atividades sociais, culturais, esportivas ou religiosas (61,1%), foram as principais atividades requeridas pelos idosos.
E é justamente nessas novas configurações das famílias brasileiras, que possuem cada vez menos integrantes, em que todos trabalham fora ou nas quais os idosos moram sozinhos, que a demanda pelos cuidadores vem crescendo e se adaptando às novas necessidades.
“O novo cenário caminha para um atendimento em saúde mais completo, próximo e personalizado por parte do cuidador, para que a família não precise contratar diversos profissionais, gerenciar questões trabalhistas ou administrar faltas e eventualidades”, afirma a psicóloga Silvana Cavalcanti Vieira, fundadora da Agência Lar, empresa que atua no atendimento a idosos e na qualificação de cuidadores, com unidades em Natal (RN), Rio de Janeiro e Brasília.
Uma vez que a profissão ainda não é regulamentada, as empresas que atuam no segmento têm de incentivar a profissionalização dos cuidadores, organizar métodos de trabalho e desenvolver critérios de avaliação e monitoramento para os serviços prestados. “Ao acompanhar de perto a história de mais de 600 famílias atendidas, identificamos as principais demandas e carências e concluímos que o ideal é oferecer uma rede de cuidados, tanto para o paciente quanto para os familiares, não apenas um serviço”, explica a especialista.
A partir dessa percepção, a Agência Lar criou um aplicativo, que permite à família acompanhar os cuidados a distância, e também o Serviço de Gerência Domiciliar, no qual uma equipe especializada gerencia toda a rotina da casa e dos cuidados necessários, desde compras, medicamentos, agenda de consultas, médicos, enfermeiros e curativos, até a prestação de contas e o recrutamento de colaboradores.
Se por um lado a demanda por serviços cresceu, a exigência também aumenta em relação à qualificação dos profissionais, que ganharam mais responsabilidades. “Como em toda a área de saúde, o investimento em atualização deve ser permanente, seja para a qualificação de profissionais que já exercem a função, familiares que cuidam de parentes ou enfermeiros que desejam aprofundar conhecimentos no cuidado ao idoso”, diz Silvana, que também oferece cursos na área.
Mais informações pelo site https://agencialar.com.br/ e no Instagram: @agencialar
Cuidadora de idosos: uma nova e nobre profissão
Cresce o número de profissionais e aumenta exigência de conhecimento para atuar na qualidade de vida da terceira idade.
Os brasileiros estão envelhecendo e a tendência é que o número da população idosa no país salte de 9,5% para 21,8% até o ano de 2050, como aponta a Projeção da População, do IBGE, atualizada em 2018.
Para que os idosos de hoje e do futuro tenham qualidade de vida é preciso atentar-se às suas necessidades de cuidados. Antes, o cuidado era realizado exclusivamente pelas famílias, porém a sociedade começou a entender que uma maior atenção à saúde das pessoas idosas é indispensável, e que exige profissionalismo e conhecimento sobre as alterações que são decorrentes do processo de envelhecimento.
Cada vez mais, a profissão de cuidador de idosos vem se destacando, sendo a que mais cresceu nos últimos 10 anos, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados no final de 2018.
O envelhecimento, na maioria das vezes, é acompanhado de limitações funcionais, fragilidades, propensão a demências, perda de visão, problemas de saúde típicos dessa etapa do ciclo de vida, que requerem um atendimento especializado e profissional.
O cuidador ou cuidadora de idosos deve estar sempre buscando desenvolver as atribuições necessárias através de cursos, de estudo, de prática, pois esta função está sendo cada vez mais requisitada pelas pessoas idosas e suas famílias que exigem um bom currículo.
A realidade e os impactos à saúde de quem já está na terceira idade acaba sendo um grande desafio ao profissional, que precisa de preparo, condições psicológicas e recursos materiais para realizar um trabalho adequado com a pessoa que está sendo cuidada.
Cuidar demanda conhecimento, responsabilidade, mas também afetividade, de ser humano entre ser humano. O profissional bem preparado é a peça fundamental na difícil tarefa de proporcionar um envelhecimento e qualidade de vida mais saudável.
Entre as funções dessa profissão estão: fazer companhia, dar remédios de acordo com a prescrição médica, preparar ou cuidar do preparo das refeições com a orientação nutricional, estimular a prática de exercícios físicos, prezar pelo bem-estar e prestar auxílio em tarefas cotidianas do acompanhado.
É necessário também que o cuidador saiba identificar os sutis sinais de doenças nos idosos, saiba reconhecer riscos potenciais no ambiente e também ter noções de primeiros socorros. Prestar suporte na medida certa, mas não o privando de um certa autonomia, além de incentivá-lo com atividades lúdicas para que estimule o cérebro e não tenha uma rotina monótona.
Entender que a paciência é necessária, principalmente em casos em que o paciente é portador de demência, que pode se encontrar agitado. Ter serenidade para não julgar determinadas atitudes ou hábitos de uma pessoa que tem mais idade e viveu em uma época diferente.
Ser cuidador é uma profissão e está ligada à área da saúde. Tem o trabalho de promover a independência, prestar assistências emocional e física ao idoso e garantir aos familiares a tranquilidade necessária para que possam manter sua rotina.
Cientistas descobrem método que prevê risco genético de Alzheimer antes do aparecimento de sintomas
Achado pode facilitar o diagnóstico precoce da doença, o rastreio de pacientes e a criação de medicamentos mais eficazes
Cientistas apresentaram um novo método para identificar pessoas com maior risco genético de desenvolver a doença de Alzheimer antes que qualquer sintoma apareça. A pesquisa, publicada nesta quinta-feira (1º) abre caminhos para acelerar a criação de novos tratamentos e aprimorar o rastreio e diagnósticos de pacientes.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pelo comprometimento da memória e da capacidade de realizar tarefas cotidianas. O diagnóstico clínico geralmente ocorre tarde (quando o paciente já apresenta lapsos de memória), embora os mecanismos de ação da doença estejam presentes anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
Os tratamentos disponíveis, por sua vez, ainda não têm bons resultados para reverter os prejuízos causados pelo Alzheimer. Cientistas em todo o mundo têm buscado respostas para acelerar o diagnóstico de Alzheimer e oferecer medicamentos capazes de paralisar o avanço da doença ou reduzir a velocidade de progressão.
Uma das frentes de atuação científica é a análise genética. Pesquisas anteriores já haviam identificado três genes que seriam responsáveis pelo desenvolvimento de uma forma rara de Alzheimer, de início precoce.
Os cientistas expandiram a varredura genética para criar uma pontuação poligênica para o Alzheimer – ou seja, uma estimativa, com base em variantes genéticas, de que a doença apareça.
A pesquisa foi realizada por cientistas ligados ao Broad Institute of MIT (Massachusetts Institute of Technology) e Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicada na revista científica PLOS Genetics.
Os pesquisadores analisaram os dados de 7,1 milhões de alterações na sequência de DNA obtidos em um estudo anterior com milhares de pessoas com e sem Alzheimer. Eles usaram esses dados para desenvolver um novo método que prevê o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer dependendo de quais variantes de DNA ela possui. Depois, refinaram e validaram o método com dados de outras 300 mil pessoas.
Além disso, os cientistas analisaram a concentração de 3 mil proteínas no sangue de pessoas classificadas como de alto e de baixo risco na pontuação genética para o Alzheimer.
O objetivo era saber se a concentração de determinadas proteínas no sangue era maior ou menor dependendo do risco genético para Alzheimer. Essa análise revelou 28 proteínas que podem estar ligadas ao risco de Alzheimer, incluindo algumas que nunca foram estudadas
A identificação de proteínas que podem estar associadas ao Alzheimer é importante porque essa informação pode oferecer pistas para o desenvolvimento de tratamentos eficazes. Descobrir biomarcadores da doença pode ser um caminho para desvendar os mecanismos biológicos do Alzheimer e, consequentemente, avançar em pesquisas com medicamentos.
“Os dados destacam o potencial de uma pontuação baseada em DNA para identificar indivíduos de alto risco durante a fase pré-sintomática prolongada da doença de Alzheimer e para permitir a descoberta de biomarcadores com base no perfil de indivíduos jovens nos extremos da distribuição de pontuação”, destacaram os pesquisadores, no estudo.
Apesar do potencial das descobertas para pesquisas futuras, os pesquisadores recomendam cautela no uso dos dados. Eles ponderam que a pontuação poligênica foi determinada usando dados de um banco britânico – o método pode não ser preciso para populações não europeias.
Além disso, afirmam, as diretrizes atuais não recomendam a avaliação de risco genético para o Alzheimer de forma ampla (apenas o rastreio de genes ligados a formas raras). Em parte porque uma avaliação desse tipo pode ter implicações como aumento da ansiedade, sem que ainda seja possível oferecer opções de tratamento e prevenção aos pacientes.
SAÚDE | por Agência Estado
01/09/2022 – 17H36 (ATUALIZADO EM 01/09/2022 – 17H36)